• Construído em 1819 pertenceu ao Capitão Manuel Gonçalves Meirelles. Durante o Período farroupilha ali foi instalado o Ministério da Guerra e abrigou no ano de 1837 uma escola Pública para meninos.O acervo apresenta diversos documentos relacionados a Revolução Farroupilha. Horário de Atendimento do Museu: Segunda a Sexta das 9:00 às 11:30 e das 13:30 às 17h. Sábados,Domingos e Feriados das 14:30 às 17:00.

  • Construída em 1789 é apresentado como o Primeiro Prédio de Piratini,pertenceu a José Vieira Guimarães, A camarinha (Camarim) foi construído na primeira década do século XX.

  • Calçamento original, estilo pé de moleque ,Trecho remanescente de antiga pavimentação, em pedras irregulares de granito.

  • O Palácio do Governo Farroupilha foi instalado no sobrado construído em 1826 por Manuel Jacinto Dias. Neste prédio, em 1836, durante a Revolução Farroupilha aconteceu a reunião das Câmaras Municipais que declarou Piratini Capital da República Rio-Grandense.

  • Casa utilizada por Luigi Rosseti, redator do Jornal Revolucionário O Povo, impresso nessa residência de 1838 a 1839, quando foi transferido para Caçapava com o Governo Farroupilha. Jornal de iniciativa de Domingos José de Almeida, teve 45 edições impressas. Nesta casa morou também Garibaldi quando do seu envolvimento na Revolução.

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quarta-feira, dezembro 14, 2022

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CITY-TOUR TEMÁTICO EM PIRATINI

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Conheça Piratini através do City-Tour Temático e tenha um passeio guiado e cheio de emoção.

Nosso trabalho é baseado na nossa cidade de Piratini e sua importância histórica. 
Piratini carrega 233 anos e durante esse tempo tem muitas marcas históricas que estão gravadas para sempre. Um desses episódios é a Revolução Farroupilha. Piratini foi a primeira e última Capital Farroupilha. Por nossos prédios históricos que são preservados até hoje, grandes decisões do Rio Grande do Sul eram tomadas.

▪️Esse passeio dura em média de  1h a 1h e meia.
▪️Grupos de no mínimo 15 pessoas. 

O interessante do passeio é de conhecer a importância de Piratini na história do Rio Grande do Sul. 

É emocionante 📿

Nossa meta é cativar o público através das cenas, trazendo através de uma viagem ao tempo (imaginação) histórias de luta e coragem da Epopéia Farroupilha e também outros episódios que se destaca na história da nossa cidade, como a chegada dos portugueses e ilustração de Luiz Carlos Barbosa Lessa.

Dúvidas? entre em contato pelo whatsapp (53)991386991


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TERCEIRA EDIÇÃO DE UMA NOITE NO MUSEU


No dia 10 de dezembro de 2022 o Grupo de Artes EncenAção, o qual faz parte da Associação de Turismo Jovem Tur, realizou a 3° edição de Uma Noite no Museu. 

A noite foi marcada por 7 seções do total de mais ou menos 130 pessoas para assistir o espetáculo no Museu Histórico Municipal Barbosa Lessa que durou 3hrs e 30 min. A Noite no Museu uma apresentação realizada uma vez ao ano para a comunidade e visitantes de Piratini/RS. 

Este ano o grupo encenou a história escrita na poesia "Retorno Bravo" de Ubirajara Raffo e também trouxe na noite histórias de lendas locais, entre outras histórias. 

quinta-feira, junho 23, 2016

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Praga da Cigana (Lenda)


#Lendasecausosdepiratini PRAGA DA CIGANA Por Francieli Domingues
Há muitos anos atrás,nas vésperas da festas da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição (Novenas), chegou na cidade um grupo de Ciganos e ficou acampado pela cidadela, uma moça muito bela que era cigana se apaixonou por um Rapaz da sociedade Piratiniense, provavelmente alguém de posses e fortuna, o rapaz admirado com a beleza da cigana, o sentimento era recíproco por parte de ambos. O Romance era coisa de cinema, trocavam olhares, ele a presenteava com flores, ela lhe entregava doces que fazia com todo o carinho. 
A moça resolveu ir até a Igreja para pedir para marcar seu casamento com o rapaz Chegou e foi rapidamente em direção ao Padre e disse: 
- Bom dia Padre, vim pedir que o senhor marque meu casamento, o meu noivo é um moço aqui da cidade mesmo,então para qual dia podemos marcar ?
O padre com ironia respondeu:
- Quem você julga ser para se encontrar no direito de te unir a um Cristão, tu que vem de um povo que acredita vários Deuses,e nomeia teu Deus qualquer criatura? Além disso estou ocupado na organização de nossas novenas,não faria este casamento, inclusive era melhor que fosses embora desta cidade. 
A moça desesperada correu até a sanga da Lavagem e chorou, chorou, lágrimas grossas como punhos e e gritou uma praga: 
- Toda vez que houver festas nesta cidade, choverá muito, pois eu não consegui me casar com o homem que amava ... 
Até hoje quando chove em meio as festas de nosso município,um ou outro comenta 

  É a tal praga da cigana ...

domingo, junho 19, 2016

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50 anos da CELF




Participação nos festejos de 50 anos da Comunidade Evangélica Luterana Farroupilha no dia 19 de junho/2016 em Piratini, na oportunidade o Grupo de Artes EncenAção encenou durante a execução da música Torrão Piratini, representando Bento, Caetana, Garibaldi e Anita. 

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sexta-feira, junho 17, 2016

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Semana Agropecuária na Escola Alaor Tarouco


Apresentação na Escola Alaor Tarouco no último dia da Semana Agropecuária, na oportunidade foi apresentado a peça de 1835. Reuniram-se na Casa de Gomes Jardim na fazenda das Pedras Brancas, os generais Bento Gonçalves, Onofre Pires e Conde Zambeccari para a tomada de Porto Alegre.

Chico, Onofre Pires, Bento Gonçalves, Gomes Jardim, Leonor e Conde Zambeccari

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sábado, maio 21, 2016

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Técnica Teatral na Escola Ruy Ramos


O Grupo de Artes EncenAção apresentou na Escola Ruy Ramos uma técnica teatral  reflexiva a caridade e amor ao próximo com personagens como mendigos (Luiz e Maria), patricinhas (Ingrid e Camila) e Assaltante (Magdalena). Contamos com a ajuda do auxiliar e membro do grupo Gabriel Nichele e com direção de palco e foto de Erasmo Bonotto. 



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segunda-feira, novembro 02, 2015

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City-Tour para a Região do Pampa pela Agência Galápagos Tuor


No dia 02 de novembro/2015 o Grupo de Artes EncenAção realizou um city-tour temático para a Região do Pampa através da Agência Galápagos Tour. Obrigado por terem confiado no nosso trabalhos e que possam voltar sempre.



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terça-feira, outubro 27, 2015

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City Tour Terrasul Turismo Pelotas


                                         
             City-tour temático que se realizou no dia 25 de outubro de 2015 para o Terrasul Turismo Pelotas.

Lado esquerdo os personagens Joana e Procópio e lado direito, Luiz Carlos Barbosa Lessa.
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domingo, outubro 25, 2015

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City-Tour para o Terrasul Turismo Pelotas



Fotos registradas minutos antes do city-tour para o Terrasul Turismo Pelotas que se realizou no dia 25/10/2015. Atores se preparando para sempre trazer a todos a nossa história, nossas origens (...) o nosso muito obrigado a todos por terem confiado em nosso trabalho.

Personagem de Domingos José de Almeida e os filhos Pelopidas e Epaminondas Piratinino. 

Personagens de Joana e Felisbina no Palácio do Governo Farroupilha

Agende já a sua visita em Piratini com o city-tour temático do Grupo de Artes EncenAção pelo número (53) 3257 3278 (seg-sexta das 09:00hrs às: 15:00hrs). 

Reunião no Palácio do Governo Farroupilha com General Netto, Presidente Bento Gonçalves e o Ordenança Chico,.


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terça-feira, setembro 22, 2015

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Abertura do Desfile 20 de Setembro

O Grupo de Artes EncenAção desfilou no dia 20 de Setembro para comemorar a epopeia Farroupilha, personagens como Bento Gonçalves, Netto, Coronel Teixeira Nunes, Anita, Giusepe Garibaldi, escravas, açorianas, Bernadina Almeida entre outros ressaltaram o porque do dia 20 de setembro ser o dia do gaúcho: Porque foi nesse dia no ano de 1835 que os gauchos se levantaram em armas contra o imperio brasileiro, sempre é bom relembrar nossos ideais, Liberdade, Igualdade e Humanidade.





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domingo, junho 07, 2015

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City-Tour Temático

Durante a Semana da Consiência Jovem, o Grupo de Artes EncenAção veio a complementar com um city-tour temático, esse que é através da Secretaria de Cultura, Turismo, Desporto e Lazer que tem como parceria a Associação de Turismo Jovem Tur. Este Tour Temático que além de contar a história de nossa Piratini, tem o privilegio de ter encenações, tendo a aparição de cenas com Bento Gonçalves, Caetana, Família de Domingos José de Almeida, Portuguesas (açorianas), Anita Garibaldi, Escravas, Lanceiros e muito mais. Nas fotos é de um tour que aconteceu no dia 30 de maio de 2015, durante a Semana da Consciência Jovem onde temos então apenas uma boa parte do tour temático que em breve estará com todos os atores, esses como outros importantes figuras da Revolução Farroupilha. Levaremos sempre com muito carinho a história de Piratini, pois pra nós, representar a nossa história é um orgulho imenso.

Para melhor visualização de cada imagem
( https://www.facebook.com/profile.php?id=100009652151040)

quarta-feira, outubro 01, 2014

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Alguns dos personagens do Teatro. Da esquerda pra direita, Darlan. Carla, Glaci, Eliane, Elizete, Silvia, Mirian, Enilton, João, Anajara e as crianças, Caetana e Benito. 

quinta-feira, setembro 18, 2014

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Os vultos que guardam o palácio de Bento Gonçalves em Piratini


Zero Hora conta histórias de lugares míticos da Guerra dos Farrapos, palcos da revolução que abrigam lendas e narrativas capazes de atiçar a curiosidade e a imaginação dos gaúchos


Na primeira vez em que entrou no Palácio de Governo da República Rio-Grandense, onde o general Bento Gonçalves chefiava a nação separada do Brasil, a condutora de turismo Eliane Peroba Cardozo, 28 anos, achou que estava sendo acompanhada por alguém caminhando às suas costas.
 A cada passo que dava na escadaria de madeira de 18 degraus, a qual leva ao segundo pavimento, imaginava ouvir pisadas de botas na retaguarda. Ao virar- se para ver quem era, espantou-se: não havia ninguém.
Era julho de 2011 quando Eliane intuiu que estava sendo escoltada ao ingressar no Palácio de Governo, em Piratini, a sede da insurreição contra o império brasileiro. Hoje, ela lembra que não sentiu medo. Mas teve certeza de que alguém a vigiava, de forma solene e atenta, monitorando onde pretendia ir e com que intenções se movia. 
– Quando olhei para trás e não havia ninguém, pensei “ué, quem é que vinha comigo?” Depois de refletir, concluí: “eu sou a intrusa” – admira-se.

 Antônio Ortiz mostra a passagem secreta que leva até o sótão onde ficavam documentos (imagem a direita) Foto: Carlos Macedo/Agencia RBS
O sobrado onde os farrapos instalaram o governo, em novembro de 1836, após proclamada a independência do Rio Grande do Sul, fora construído 10 anos antes por um tal de Manuel Jacinto Dias. Foi ocupado por Bento Gonçalves a partir de novembro de 1837, pois o comandante estivera preso, no Rio de Janeiro e depois na Bahia, de onde fugiu para retomar a revolução. 
Do segundo andar do palácio, onde montou o gabinete, Bento podia observar tudo ao redor de Piratini, que fica no topo de um cerro da Serra dos Tapes. Despachava com o multiministro Domingos José de Almeida (que tinha a chave do cofre), palpitava com o editor italiano Luigi Rossetti sobre o conteúdo do jornal O Povo e fazia a atividade que lhe era mais prazerosa – discutir estratégias militares com seus oficiais. Era de lá, dos janelões, que lançava proclamações ao povo reunido na rua.

Portas se abrem, depois se fecham 

Não se pense que apenas Eliane Cardozo ouve estranhos rumores. O diretor de Turismo de Piratini, Antônio Lobato Ortiz, 59 anos, já se levantou da cadeira por acreditar que estavam batendo à porta do escritório, o qual funciona dentro do Palácio de Governo. Quando atendeu e abriu o trinco, deparou com o vazio. 
– Cheguei a ter a nítida impressão de que estavam forçando a porta. No fundo, sabia que não era ninguém, mas fui conferir – relata Ortiz. 
O prédio aguça a imaginação, com suas quatro enormes portas e janelas na fachada. Nos paredões, há seteiras (frestas cônicas), onde as sentinelas podiam assestar os fuzis em caso de ataque externo. Dentro do palácio, há uma passagem secreta para o sótão, onde os farroupilhas escondiam documentos e valores. Vultos fardados se posicionariam na entrada desse alçapão para assustar os bisbilhoteiros, os mais sensitivos e propensos a assombros. 
Aos fundos da antiga sede governamental, está um fogão árabe de sete bocas – as quais podem ser constatadas nas aberturas da chaminé –, que servia para abastecer generais, ministros e seus ajudantes com chimarrão e carne assada nos prolongados serões. Atualmente, ao participar de reuniões noturnas no palácio, desta vez para tratar do turismo em Piratini, há quem estremeça com ruídos imprevistos. Especialmente se estiver sentado à mesa retangular, de 2m80cm de comprimento, que teria acomodado o presidente Bento à cabeceira. 
– Sempre parece que tem alguém por perto. Portas que se imaginava fechadas aparecem abertas, e vice-versa – observa Ortiz. 
O sugestionado convívio com fantasmas no palácio é amigável. Ortiz ressalta que os funcionários do turismo e do museu se sentem privilegiados por trabalhar no prédio onde foi administrado o efêmero país chamado Rio Grande do Sul. 
Nem todos são bem-vindos, porém. Ortiz conta que um vendedor de artigos gauchescos, ao pernoitar no palácio devido à lotação dos hotéis, foi encontrado na rua, 5h da madrugada, os nervos em frangalhos, olhos esbugalhados, num tremor só. Interpelado, balbuciou que não conseguira dormir, pois escutara gritos, gemidos, xingamentos. Então, pegou a sua trouxa e deu no pé. Ficou a dúvida: o que o desditoso hóspede fez para ser expulso do local? 

Da janela do gabinete, o general tinha a visão de Piratini e lançava proclamações ao povo (imagem a esquerda), Chaminé do fogão árabe de sete bocas que abastecia o palácio (imagem a direita) Foto: Carlos Macedo/Agencia RBS

Enigmas farrapos a desvendar 

Se há mesmo fantasmas pelo Palácio de Governo e outros prédios da República Rio-Grandense, em Piratini, o pesquisador e professor de história João Manoel Ferreira, 53 anos, gostaria de conversar com eles – e demoradamente. Convidaria para que revelassem episódios obscuros da Revolução Farroupilha, esses, sim, verdadeiros mistérios a se esclarecer. 
A maior curiosidade de Ferreira é saber o que aconteceu na infame madrugada de 14 de novembro de 1844, no Cerro de Porongos (atual município de Pinheiro Machado), próximo a Piratini, quando o esquadrão de Lanceiros Negros foi massacrado por tropas imperiais sem chance de defesa. O general farroupilha David Canabarro teria mandado desarmar os combatentes, temidos pelas cargas de lança, para apressar o fim da guerra civil? Ou tudo não passou de uma injustiça contra Canabarro, acusado de trair os farrapos? 
– Gostaria de me deparar com um fantasma para saber mais coisas. Há fatos para os quais não temos respostas, ou são muitos os vieses – diz Ferreira. Os espectros também poderiam contar detalhes sobre a vida durante o governo de secessão. Piratini foi escolhida capital por razões estratégicas, práticas e políticas. Fica perto do Uruguai – útil para uma retirada em caso de invasão –, no topo da áspera Serra dos Tapes e guarnecida por obstáculos naturais, cerros e matas. Tinha casarões apropriados para abrigar os ministérios, mais o fervor revolucionário de jovens oficiais como Manoel Lucas de Oliveira, Joaquim Pedro Soares e Joaquim Teixeira Nunes. 
Visitar Piratini, atualmente, é como entrar no cenário farroupilha. É por isso que Francieli Domingues, 20 anos, condutora de turismo, prefere ficar mais tempo no Palácio do que em casa. Diz que ouve sons – cochichos em salas vazias e rangidos de pisadas no assoalho – e pressente o farfalhar de vultos roçando perto de onde está. Longe de se apavorar, Francieli entrega-se ao devaneio. Chega a pensar que está na época errada, gostaria de voltar aos primórdios do século 19. 

– Aqui se pode ouvir o tilintar dos farrapos – exclama ela.

Zero Hora de 15 de setembro de 2014 
Os vultos que guardam o palácio de Bento Gonçalves em Piratini 
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2014/09/os-vultos-que-guardam-o-palacio-de-bento-goncalves-em-piratini-4598239.html
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As lendas que Piratini herdou da Revolução Farroupilha

Zero Hora conta histórias de lugares míticos da Guerra dos Farrapos, palcos da revolução que abrigam lendas e narrativas capazes de atiçar a curiosidade e a imaginação dos gaúchos 

Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS

Não apenas os sobradões coloniais de Piratini emitem os ecos da Revolução Farroupilha, os quais podem causar arrepios nas pessoas mais sugestionadas ou divertir aquelas que procuram assombrações. Pelo que se conta na cidade e está registrado em livros, os farrapos deixaram outra herança: uma variedade de lendas, que oscilam entre a maldição e o encantamento.


O professor de história João Manoel Ferreira, 53 anos, pesquisou os motivos, palpáveis e anímicos, para a proliferação de lendas a partir do momento em que os farrapos escolheram Piratini para ser a capital da República Rio-Grandense. Finda a sublevação, em 1845, o Império do Brasil tratou de castigar o povoado rebelde, condenando-o ao ostracismo. Então florescente, com teatro, cervejaria e até gente que falava francês, foi rebaixado à condição de vila e murchou. 
– Isso causou um trauma. Os moradores tiveram problemas, ficaram mais sensíveis – interpreta Ferreira. 

Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS
E as lendas foram brotando, tipo cogumelos, adubadas pelos nervos à flor da pele dos piratinenses que ficaram na vila. Uma das primeiras envolve o pároco da Matriz Nossa Senhora da Conceição, padre Manoel José Soares de Piña, que odiava os farroupilhas. Nas missas, imprecava contra os sediciosos do púlpito, xingava os fiéis simpáticos à conspiração e, consta, usava a palmatória (instrumento de punir crianças peraltas na escola) para impor suas ideias. 
Eliane Peroba Cardozo observa a Cacimba da Carretela, onde uma noiva teria se suicidado
Quando os farrapos invadiram Piratini, em 8 de outubro de 1835, depuseram a guarnição local e foram tirar satisfações do padre resmungão. Piña não se intimidou. Manteve as críticas e disse que não arredaria pé da sacristia, pois obedecia somente ao Papa. Então, os revolucionários o colocaram no lombo de uma mula, velha e mancarrona, e o expulsaram da cidade sob gargalhadas. 
Indignado com a humilhação a que fora submetido, o sacerdote rogou uma praga contra Piratini. Ela foi coletada pelo professor Ferreira, que a reproduz tentando ser o mais exato possível à origem:

 – Esta vila nunca será próspera. Um passo para a frente, outro para trás. O praguejador possesso nunca mais voltou. Piratini realmente ficou longe dos trilhos do trem e, depois, das rodovias do progresso. Em compensação, manteve a aparência preciosa que lhe favorece o turismo histórico.

Naufrágio na Lagoa Negra 

A lenda da Lagoa Negra também é conhecida, e teria raízes num acidente. Há mais de uma versão, a que preponderou mostra um viés satânico. É contada pelo pesquisador Ferreira, mais ou menos assim: um comboio de carretas tracionadas por bois voltava de Montevidéu, onde fora vendida uma carga de cerveja produzida pelo açoriano Lucindo Manoel de Brum, estabelecido em Piratini. O elegante prédio da fábrica existe, fica diante do Palácio de Governo, agora com outras serventias. 
Na volta da viagem, as carretas traziam cerâmica, porcelanas e mercadorias uruguaias. Temendo salteadores e bandoleiros castelhanos, os carreteiros ocultaram o dinheiro da venda da cerveja dentro de guampas bovinas (então utilizadas como cantis de água ou cachaça). O truque já dera resultado antes. 
Ao se aproximar de Piratini, no entanto, os condutores das carretas apressaram o passo, para fugir de uma tempestade que já convulsionava as nuvens. Ao cruzar a Lagoa Negra (a cor é devida ao sombreamento provocado por árvores ao redor), um deles teria estugado um boi exausto com a aguilhada, além de amaldiçoar o animal.

 – Anda, diabo! 

O carro de bois naufragou na Lagoa Negra, a 19 quilômetros de Piratini, no distrito do Passo do Alfaiate. O carreteiro afogou-se, e os chifres forrados de moedas de ouro se perderam na água. Dizem que foi obra do demônio, enfurecido por ter sido importunado.
O atual proprietário da Lagoa Negra, Alex Santos, 34 anos, sabe da lenda. Mediu a profundidade da água, com uma linha de pesca chumbada na ponta, alcançando a marca de seis metros. Alex nunca ouviu ruídos estranhos nem viu fantasmas, mas conta que pescadores relataram ter escutado gritos vindos da lagoa, de afogados que pediam socorro. Não se sabe o quão sóbrios eles estavam. 

A estátua que vira cachorro 

Piratini reserva uma surpresa aos que se encantam por lendas e soltam a pandorga da imaginação. É a história do cachorro que deixa de ser uma estátua durante a noite, pula do terraço de um sobrado e corre pelas ruas da cidade, os olhos em brasas, para vigiar o sono dos que dormem. Quando amanhece, o bicho já está de volta ao casarão na anterior imobilidade. 
O cão que guarda Piratini nas madrugadas foi colocado no alto do Sobrado da Dorada, construído em 1830, o qual pertenceu ao médico francês José Afonso Gassier. O estrangeiro caprichou na arquitetura, importou azulejos da Europa, tudo para agradar a mulher, Florinda de Melo, que era neta do político farroupilha Vicente Lucas de Oliveira. Eles se casaram depois que a jovem Florinda ficou viúva. 
Como todo cachorro, o do sobrado do francês é adorado pelos moradores. Vilmar Bitencourt, 74 anos, tem uma chácara ao lado, onde cuida de três cavalos. Ele conta que a última dona do casarão, já falecida, costumava pôr uma tigela com leite diante da boca da estátua, diariamente. 
– Ela estava muito velhinha, caduca. Todos gostam do cachorro – diz Bitencourt, sargento reformado da Brigada Militar. 
Ninguém caminha diante do sobrado sem prestar atenção no cachorro, sentado sobre as patas traseiras, na posição de quem está prestes a se movimentar. Alguns pedestres relatam que o animal vira a cabeça, se ouvir um assovio, mas João Carlos Ávila da Silveira, 49 anos, acha que é o efeito da cachaça. 
– Quem bebe umas a mais diz que se mexe – brinca Silveira. 
O Sobrado da Dorada foi útil à República Rio-Grandense, instalada em Piratini. Nos fundos do prédio, funcionava a fábrica de pólvora e fogos de artifício dos irmãos Gonzaga, conhecidos por “os fogueteiros”. 
Estatua que vira cachorro, Sobrado da Dorada. Foto: Carlos Macedo/Agencia RBS
Moça de branco caiu na cacimba 

Mas há uma lenda em Piratini que entristece e comove, pelo desenlace trágico que teve. Uma moça formosa apaixonou-se por um peão de estância, num romance proibido que acabou descoberto pelos pais. Eles desejavam que namorasse um rapaz de posses, mas a filha desobedeceu. 
Em uma novela que poderia lembrar Romeu e Julieta, a moça insistiu na relação clandestina e marcou um encontro com o peão nas proximidades da Cacimba da Carretela – referência ao carretel que suspende a corda do balde para puxar água. Ao saber, o pai mandou atirar no moço pobre, que teria escapado ferido. Imaginando que o amado morrera, a moça jogou-se dentro da cacimba, afogando-se. 
A partir de então, certos moradores passaram a ver o vulto de uma mulher de branco – a noiva desventurada – irrompendo da embocadura do poço nas noites de Lua Cheia. A condutora de turismo Eliane Peroba Cardozo, 28 anos, tem uma suposição. 
– Ela faria isso para abençoar os casais enamorados – conta. Morando perto da Cacimba, o aposentado Manoel Orgírio Andrade Porto, 72 anos, nunca viu o fantasma. Na juventude, apesar dos receios, espiava o poço, ávido por conhecê-la. 

– Vá que ela fosse bonita! – comenta.


Certos moradores passaram a ver o vulto de uma mulher de branco – a noiva desventurada
Zero Hora de 16 de setembro de 2014
As lendas que Piratini herdou da Revolução Farroupilha
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2014/09/as-lendas-que-piratini-herdou-da-revolucao-farroupilha-4598803.html